China lança módulo de 24 toneladas para construir própria estação espacial
A China deu mais um passo no objetivo de construir a sua própria estação espacial na órbita da Terra. Na manhã desta quinta-feira (29), o país lançou o primeiro módulo, chamado Tianhe —algo como harmonia celestial em chinês. Ele será a base principal da estrutura.
A iniciativa marca um grande passo da China em seu programa de exploração espacial. O lançamento aconteceu por volta das 11h23 (horário local; 00h23 no Brasil), da base de lançamentos Wenchang, na ilha tropical de Hainan, no sul do país.
O módulo de cerca de 24 toneladas foi enviado ao espaço por um Long March-5B Y2, o maior e mais poderoso foguete chinês.
Esta é a primeira de 11 missões que serão realizadas até o final de 2022, para construir e abastecer e a estação, preparando-a para conduzir experimentos científicos e hospedar uma tripulação de até três pessoas. Quando finalizada, será como uma versão miniatura da Estação Espacial Internacional (ISS), da Nasa, com cerca de 66 toneladas (a ISS pesa 420).
Veja como foi o lançamento:
Pelo menos 12 taikonautas —termo usado para falar dos astronautas chineses— já estariam sendo treinados para pilotar, ir ao espaço e viver na estação em turnos de seis meses. Dezessete experimentos internacionais de microgravidade foram selecionados para estreá-la.
O módulo central lançado em direção ao espaço tem 16,7 m de comprimento e 4,2 m de diâmetro. É nele que fica o suporte de vida e "quartos".
Veja como é por dentro:
Dois módulos de pesquisa, Wentian e Mengtian, serão enviados nos próximos 18 meses, além de quatro grandes cargas de equipamentos e suprimentos e quatro missões tripuladas, para apoiar os braços robóticos na fase de construção.
Quando estiver pronta, a estação terá formato de T e deve orbitar nosso planeta a cerca de 370 km de altitude, consideravelmente mais baixa que a ISS, que está a 410 km. Ela teria a capacidade de subir ou descer se necessário.
Como de costume, o governo e a agência espacial nacional (CNSA) não divulgaram grandes detalhes do projeto.
O programa espacial chinês
Faz quase 30 anos que a China se prepara para lançar sua própria estação espacial. O país foi banido pelos Estados Unidos de participar das missões para a ISS e de fazer contato com a Nasa, por motivos políticos e de segurança nacional, devido à natureza secreta e fortemente militar da CNSA.
Na última década, dois módulos experimentais foram lançados como preparação. O primeiro, Tiangong-1 (Palácio Celestial-1), de 2011, foi abandonado quatro anos depois e queimou ao reentrar descontroladamente na atmosfera terrestre, em 2018. Seu sucessor, Tiangong-2, foi bem-sucedido, lançado em 2016 e retirado controladamente de órbita em 2019.
O primeiro taikonauta, Yang Liwei, foi ao espaço apenas em 2003, na missão Shenzhou 5, que orbitou a Terra por 21 horas. O programa evoluiu a passos rápidos e com poucas falhas. O país já lançou diversos satélites e missões não tripuladas, principalmente de exploração lunar.
A missão Chang'e-5 pousou uma sonda no lado oculto da Lua, coletou amostras e as trouxe para a Terra —algo que havia acontecido pela última vez nos anos 70, durante as missões Apollo.
Já a Tianwen-1 (Perguntas Celestiais-1), a primeira missão interplanetária totalmente chinesa, está orbitando Marte desde fevereiro. Em maio, ela deve lançar o pequeno rover Zhurong à superfície do planeta para buscar evidências de vida. Se der certo, será o segundo país, depois dos EUA, a conseguir tal feito.
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